sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

                               HISTORIAS envolvendo o galaxie


Fundada em 1965, no Rio de Janeiro, foi a primeira marca die-cast genuinamente nacional.


A Roly Toys foi pensada e estabelecida graças ao empenho de dois homens. O fundador da empresa e seu responsável direto foi o Sr. Maurício Nhuch. Com experiência no ramo (trabalhou na fábrica de kits da A. Kikoler), formou uma brilhante parceria com o Sr. David Kupermann, numa divisão de trabalho em que Kupermann era encarregado de toda a parte técnica e Nhuch da parte de vendas. Assim sendo, Kupermann era o técnico responsável pelos projetos dos moldes. Outro nome da empresa foi funcionário Sr. Kurt Aldof Hamberger. Hamberger, ou mais conhecidamente Kurt, era o responsável pelo polimento, ou seja, dava o acabemento nas peças projetadas por Kupermann.

Nos poucos anos em que a Roly Toys teve uma linha própria, até o início da década de 70, com o surgimento dos Matchbox Superfast, produziram-se 09 miniaturas diferentes, adotando o sistema da famosa Matchbox, ou seja, reduzindo os modelos de modo a caberem em uma “pequena caixa de fósforos”.

Um antigo folheto produzido pela Roly Toys e compilado pelo colecionador Antônio Destro Jr., trazia a seguinte listagem:

N1 Willys Berlineta/Willys de Corrida 22;

N2 DKW Vemaget/Vemaget DNER/Vemaget Bombeiro;

N3 VW Kombi / Kombi Correio /Kombi Ambulância;

N4 Scania Vabis;

N5 VW Sedan 1200 (FUSCA);

N6 Willys Jeep;

N7 Caminhão Mercedes-Benz Tanque - (Esso ou Texaco).

Um fato muito curioso para o colecionador é a variedade de acabamentos com que estes modelos foram produzidos. Alguns inclusive contaram com cores metálicas. A de se destacar também que, com a exceção dos caminhões, todos os carros contavam com interiores muito bem feitos e transparências. Sabe-se que as tintas usadas não possuíam a composição correta para que elas aderissem no Zamac e “sobrevivessem” ao manuseio, o que foi corrigido quando a Roly Toys passou a fabricar os modelos Matchbox no Brasil.

Estes modelos não tinham uma padronização em suas cores, algumas variações de pintura são interessantes de se mencionar:

O Willys Interlagos de corrida, reproduzia o carro da Equipe Oficial de Fábrica da Willys Overland. Sua cor era amarelo vivo, cortado por uma faixa central, do pára-choque dianteiro ao traseiro, na cor verde. O número 22 na cor preta sobre um disco branco, era aplicado em ambas as portas, sobre o capô dianteiro no lado esquerdo e sobre a capota.

Uma versão da DKW Vemaget era bicolor (tipo "saia e blusa"), prêta com a capota em branco. Poderia ser a versão do DNER? Nas únicas imagens que dispomos, não existem quaisquer emblemas, ao contrário da versão Bombeiro da Kombi.

O caminhão Scania Vabis pode ser encontrado tanto monocromático como bi-cromático, cabine e chassis em uma cor e a caçamba em outra. Duas combinações conhecidas são cabine/chassis em vermelho com a caçamba amarela e cabine/chassis verde com a caçamba vermelha.

É curioso notar que na lista acima, não consta o Tanque Centurion, que era uma cópia de um modelo Matchbox. Acreditamos mesmo que este modelo não tenha recebido uma numeração. Teria o caminhão Scania-Vabis sido produzido com duas numerações? Conhecemos os modelos marcados com o número 11 e na listagem ele seria o 4.

Uma variação muito interessante na linha da Roly Toys, que nos permite afirmar que a produção foi mantida até a chegada da linha Superfast da Matchbox é o Karmann-Ghia conversível, número 9 da coleção, que, teve seu chassis e rodas modificadas, recebendo o nome “Bólidos Roly Toys”. Cremos que esta variante esteja entre as mais raras de se encontrar.

Haviam diferentes métodos para o fechamento das miniaturas, linguetas de encaixe, como a Kombi, rebite e lingueta de encaixe usados no DKW e apenas com rebites, que foi a forma mais utilizada.

É importante estabelecer que 6 desses modelos, os automóveis (VW Sedan 1200, VW Karman Ghia, DKV Vemagete, Willys Interlagos/Berlineta, Willys Jeep e Ford Camaro) beiravam a escala 1/64, como os autos da Matchbox. Já as três outras miniaturas, caminhões Mercedes-Benz Tanque, Scania-Vabis Basculante e Tanque Centurion tinham uma redução maior. Os dois primeiros aparentavam ser próximos da escala 1/87 enquanto o tanque é, com certeza, feito em uma escala menor ainda!

Estas belas miniaturas conferem a classificação de mediana para a apuração técnica dos modelos da Roly Toys, o que é um feito de destaque para uma industria nacional operando nos anos 60. A partir de 1967, com o aumento da demanda, a Roly Toys optou por importar os carros Matchbox, pois com sua estrutura e quadro funcional era impossível atender a demanda de novos modelos com a quantidade e velocidades necessárias. Mais tarde, com o aumento dos tributos alfandegários, a Roly Toys passou à produzir em Manaus os Matchbox, encerrando a produção de seus modelos próprios.

O Sr. Kurt, em uma conversa animada durante o 1º Salão de Plastimodelismo da AABB, nos brindou com muitas histórias curiosas:

Para nossa surprêsa nos disse que nunca a Roly Toys produziu protótipos, sendo o molde confeccionado diretamente dos desenhos com as medições. Isso nos causou espanto de fato, pois não conseguimos imaginar como se podia fazer esta operação sem um modelo. Lembrem-se que estamos nos anos 60 do século passado, e a informática ainda engatinhava, nada de programas de desenho e equipamentos automatizados.

A injeção do Zamac nas formas era uma operação totalmente manual, ele explicou-nos que o molde era fechado, digamos, como se fosse uma sanduicheira. Para as carrocerias, apenas um molde em cada máquina, mas para os chassis, bem mais simples, uma única forma produzia os diferentes modelos ao mesmo tempo.

As histórias mais engraçadas sem dúvida, foram as aventuras para se medir alguns modelos. Com um grande sorriso, nos contou sobre o “Caso Karmann-Ghia”. Tão logo o carro foi lançado, o Sr. Kurt foi até um revenda Volkswagen, e munido de fitas, começou e medir em todos os pormenores um Karmann-Ghia recém chegado. Após alguns momentos de hesitação, foi indagado sobre seus atos. Ao explicar as suas intenções, foi prontamente expulso da loja, sendo informado de que era um segredo quaisquer informações sobre este lançamento.

Já no caso do Ford Galaxie, ocorreu exatamente o contrário. A revenda Ford que recebeu o primeiro modelo no Rio de Janeiro avisou sobre a chegada do carro. Assim, foram todos até lá e seguiram para o Aterro do Flamengo, onde com toda a calma puderam fazer todas as medições necessárias. O Sr. Kurt lembra com um sorriso marôto, ter estado entre os primeiros cariocas à dar uma volta em um Galáxie!

Um modelo que não entrou na fase de produção e vendas, foi o Chevrolet Camaro. Ficamos muito curiosos pela escolha de um carro que não era produzido no Brasil, e então mais um segredo foi confidenciado. O Chevrolet Camaro era uma paixão do Sr. Mauríco Nhuc...

Pela baixa tiragem que tiveram, estes modelos são muito difíceis de se achar. São valorizados pelos colecionadores que sabem de sua importância histórica, sendo rivalizados apenas pelo Chevrolet Opala da Solido do Brasil (Brosol), mas ainda pouco conhecidos no mercado internacional.

Por último, outra importante faceta dos modelos da Roly Toys, é o valor cultural que eles possuem, pois estão entre as poucas marcas que retratam ou retrataram, modelos de automóveis da industria nacional.

Nós da Die-Cast Cult Virtual Magazine gostaríamos muito de receber imagens de modelos Roly Toys, para que possamos aumentar o nosso acervo e poder ilustrar o maior número possível de variações em cores e versões.

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